5 de abril de 2005

sob os teus pés

He Wishes for the Cloths of Heaven

Had I the heavens' embroidered cloths
Enwrought with golden and silver light
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half-light
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams
I have spread my dreams under your feet
Tread softly because you tread on my dreams.

W. B. Yeats


Sob os teus pés

Tivesse eu as bordadas vestes do paraíso
tecidas com a luz do ouro e da prata
o azul e o sombrio e os negros trajes
da noite e luz e da média luz
Eu espalharia essas roupas sob os teus pés:
Mas, sendo pobre, tenho apenas os meus sonhos
Tenho espalhado os meus sonhos sob os teus pés
Pisa suavemente,
porque caminhas sobre os meus sonhos.

(Tradução: doispontos)



2 comentários:

linfócittos disse...

Pasma-me o afecto que alguns homens fidelizam no tempo virtual inesgotável e absolutizam no espaço sideral do devir fértil do amor.
Para os iletrados, como eu, da essência da Poesia (depois de esmagada a inocência pela subvivência materialista) e visionistas exclusivos da funcionalidade tecnológica, parecem-nos homens de outra matéria romântica, “gente” irrealista e crente de um delírio emocional que os cega e, irremediavelmente, os confina a uma espécie de neo-apóstolos da espiritualidade para nós ambígua e ilegível no quotidiano.
«Tenho espalhado os meus sonhos sob os teus pés». Por quê Yeats?
Porque a cumplicidade de Tim, entre outras coisas, não é menos esotérica que a emocionalidade reconhecida no poeta inglês.
Porque o seu amor - claramente ávido - é quase letal quando se faz ao “outro” com a fragilidade das nuvens porosas que ao mais pequeno vento se desfazem e dispersam em fragmentos inúteis.
Quando se está na sua intimidade, reconhece-se a pureza do seu sentimento por Ela e surpreende-nos a beleza transportada, em jeito sôfrego, para qualquer gesto banal e acessório que vise o seu conforto.
Tim é indiscutivelmente Yeats neste poema. A sua ternura espontânea espalha-se «sob os nossos pés»; a sua afeição límpida e «tecida com a luz do ouro e da prata» é apenas servil à mutualidade que pretende honrar;
Tim, «apenas rico de sonhos» funde-se literalmente na pessoalidade e vivir intrínseco do seu objecto de amor - Ela.
Quem tem o privilégio de, como eu, partilhar a sua determinação, nele reconhece Yeats e nos seus sonhos a declaração de um mesmo afecto ornamentado com «bordadas vestes» e idealizado «para pôr sobre os pés» do seu amor.
Grata aos dois pelo privilégio, Coutinho

Anónimo disse...

eu pessoalmente, acho que a imagem transmite um lado natalicio (alegre)e um lado escuro e mais profundo podemos chamá-lo de triste, no entanto o lado alegre (em minoria) não se deixa ir abaixo e com todas as forças e com a ajuda de uma mão acaricia o lado triste iluminando-o com uma data de pintinhas florescentes(estrelas), que, por sua vez dão ao lado triste um outro lado...

ps posso só ter escrito parvoisses mas lá que gostei, gostei de escrever no melhor blog não do mundo mas do universo)