14 de novembro de 2018

wild geese

Não tens de ser bom
Não tens de percorrer de joelhos
Cem milhas do deserto, arrependido.
Só tens de deixar que o animal meigo do teu corpo ame o que ama.
Fala-me do desespero, do teu, e eu falo-te do meu.
Entretanto, o mundo continua.
Entretanto, o sol e os seixos límpidos da chuva
Movem-se pelas paisagens,
Pelas pradarias e pelas árvores profundas,
Pelas montanhas e pelos rios.
Entretanto, os gansos selvagens, bem alto no céu tão azul, regressam novamente a casa.
Sejas quem fores, por mais que só estejas,
O mundo oferece-se à tua imaginação,
Chama-te como aos gansos selvagens, agreste e excitante -
Anunciando, uma e outra vez, o teu lugar
Na família das coisas.

Mary Oliver - “Wild Geese”

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