30 de julho de 2017

4 elementos IV

Sou o ar, uma partícula.
Ao meu redor vejo e sinto as partículas minhas irmãs, as filhas do ar. Vogando, flutuante, vertiginosas, enfurecidas, ventosas... um furação ou uma brisa leve.
Juntas somos o ar.
Adenso-me e mergulho num mar profundo e negro. Vou até ao fundo onde nada mais há. Só água em muitas gotas, as minha irmãs de água.
Fundo-me e recebo outras gotas em mim transformo-me e ascendo, renovada.
E em água e vento alimento o espaço e tudo em redor. As árvores....
Chego nas árvores com as minhas irmãs e somos seiva, somos árvore. Somos este desígnio de ser vida. Sou árvore. Sou vida transmitida a quem se alimenta de nós.
E sou quem se alimenta. Um gamo. Somos sangue e músculo a correr nas montanhas. A gota de saliva que cai no chão.
Sou terra agora, somos terra. Pareço morta, mas sou vida fervilhante. Somos partículas lentas e densas, algumas pesadas.. Todas diferentes, juntas neste desígnio de ser alimento mineral. Densas e comprimididas as irmãs somos rocha, metal. Somos a matéria que incandesce pelo simples prazer da compressão imensa.
Em lava, rios de alegria melosa, cantamos canções de esmagamento e fundimo-nos. Transformamo-nos em outro elemento e mudamos a natureza de ser.
Libertamos partes de nós em explosões de luz e calor. Energia radiante onde as minhas irmãs e eu seguimos sendo metamorfose, experiência e continuidade.
As minhas irmãs e eu, somos um e tudo o que existe.

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