5 de maio de 2011

belas palavras vazias



Não está em mim o dom de entrelaçar palavras em harmoniosos hinos
de louvor a qualquer coisa realmente maravilhosa.
Palavras bonitas, belas frases recheadas de vazio,
aparentemente suaves e dedicadas,
escondem a crueldade agressiva da condescendência
disfarçada a intenção enganadora de dominar.

Cada vez mais, prefiro belos actos a belas palavras,
embora uns e outros sejam passíveis de engano.
Mas é mais possível continuar na infinita produção
de belas palavras do que de belos actos.

Fazer é mais difícil do que dizer e quem muito fala belas palavras
vive da preguiça do pensamento alheio e da falta de esforço próprio
na autenticidade de fazer coincidir as palavras com os actos
e o que verdadeiramente é sentido.

in “o tigre e outras marés”

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